quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Tequila, Viva el México


Já era passada das 11 horas da manhã, Camila continuava sentada na cama olhando aquele estranho corpo que repousava ao seu lado. Suas lembranças da noite passada eram poucas, apenas devaneios, nada totalmente concreto. Levantou lentamente da cama tentando cobrir sua lingerie com as mãos, estava morta de vergonha.
Procurando roupas pelo chão, pensou:
Que tolice tentar me cobrir. Se ele dormiu comigo, ele viu minha lingerie, pode não lembrar, mas viu. Tenho que descobrir ao menos quem é ele.
Após catar o seu vestido jogado aos pés da cama, Camila vai até a cozinha onde pega um cigarro em um maço aberto encima da mesa. Sentada no sofá com o cigarro apagado entre os dedos revira a memória em busca de lembranças. Quando volta, repousa mais uma vez o cigarro sobre a mesa, ainda sem acender.
- Débora, ela me trará respostas. Bebe pouco, e conhece todo mundo. Ela me ajudará! – Fala a jovem para si mesma.
De volta ao seu quarto, vê o jovem apagado. Mas foca sua atenção na bolsa que procura, nela achará o celular tendo as respostas que deseja. Encontrou sua bolsa sobre a cômoda, aberta, revirada, mas aparentemente com tudo dentro.
Celular em punhos voltou para a cozinha. Débora, Débora cadê você garota. Seu pensamento aflorava diante suas dúvidas. Enfim fez a dita ligação, cada intervalo entre as chamadas era um século para sua percepção, até que atenderam:
-Débora é você?- Sua voz era estridente tamanha a euforia.
- Sim Sim, Pode falar guria. Tô aqui. – Uma voz sonolenta respondeu do outro lado da linha.
- Meeeeu, tu nem acredita, tem um cara deitado na minha cama, não sei nem quem ele é! Muito menos o que rolou na noite passada. O que me diz?
- Tu tava bebaça, disso eu lembro. Quanto a esse cara, diz como ele é? Você estava com tantos. -Pelo tom em sua voz Débora estava debochando. 
Camila nem deu atenção ao deboche, apenas respondeu o que interessava a amiga:
-Moreno, alto, magro, seus vinte anos. No momento está seminu, e apagado.
- Alguém transou noite passada ”risos”. Ontem você estava com um cara que não conheço, acho que era da banda, deve ser esse. Olha a carteira dele, tem documentos. Qualquer coisa me liga, lembro pouco de ontem também. – Desligou antes que Camila pudesse dizer algo.
Documento! Como não pensei nisso, refletia a caminho do quarto. No quarto revirou a calça em busca de documentos. Dinheiro, um molho de chaves, e finalmente carteira de habilitação.
-Menino é até habilitado, vamos ver quem é você. – Novamente falando com si mesma. – Felipe, Felipe, realmente não ligo o nome a pessoa.
Caminhando em direção a sala recolhe o cigarro sobre a mesa. Cata um isqueiro entre a bagunça do balcão, e continua a caminho da sala.
Sentada no sofá, com o documento na mão esquerda, e o cigarro na direita, refletia enquanto fumava. Conquistei minha independência. Faço faculdade, tenho um bom emprego, apartamento aonde ninguém vem me incomodar. Agora não posso engravidar de um desconhecido, beber é divertido, mas de que adiantou, nem sei quem é ele.  Pílula, porque eu não tomo? É simples, mas sempre disse que sexo só no namoro. Muito idiota eu sou. Independência, por isso que estou aqui. Solidão por isso que bebi.  Vou saber a verdade da fonte Ele me contará o que aconteceu. Se é que lembra.
Atordoada com a idéia de uma transa casual Camila caminha rapidamente para o quarto. Mas primeiramente recolocou a carteira de motorista no seu devido lugar.
-Felipe, acorda rapaz! Já é meio-dia, seus pais ficaram preocupados. – Sacudia o corpo do rapaz que nem se quer movia um músculo.
Chamar e sacudir não adiantaram, foi para o plano B. Colocou um CD no radio sobre a cômoda, foi aumentando o volume até chegar ao máximo. Em questão de segundos o jovem estava sentado na cama gritando:
-Abaixa, abaixa. – Ele estava extremamente  assustado com o despertador que Camila usara.
-Se vista e vamos à sala. Quero falar com você. – A voz de Camila era rígida como a de quem da uma ordem.
Camila seguiu para a sala onde esperou o jovem, que minuto depois apareceu totalmente vestido diante seus olhos.
-Apenas quero saber o que rolou noite passada. É só o que quero de você! – Camila foi severa, não queria dar mole para o rapaz.
O rapaz passou a mão na cabeça, coçou o queixo e questionou:
-Desde o início?
-Sim, quero saber tudo. E te digo, estava bêbada, não respondia por mim.
Felipe sentou no sofá oposto ao que Camila estava sentada, mexendo em seu cabelo despenteado procurava palavras para explicar, enfim desabafou:
-Não sei se lembra, sou o guitarrista da banda, aquela banda que tocou no bar.  Desde que comecei a tocar prestei atenção em você, você estava alucinada. – Felipe fez uma pausa para respirar. – Você estava com suas amigas, bebendo tequila pelo que lembro.
Camila interrompeu:
-Hum, por isso o gosto ácido misturado com limão em minha boca, continue.
-A banda parou de tocar e fui beber como de costume, ao chegar à copa, lá estava você, doidona. Virou uma dose e disse Viva El México. Peguei uma cerveja e fiquei ali.  Você tentava conversar, se apresentou, falou muito. No momento que se deu conta suas amigas já não estavam mais, olhou para mim e disse: -Perdi minha carona, me leva pra casa. – Uma nova pausa para respirar, Camila estava perplexa e calada. – Fiz o favor de te trazer de carro para cá.
- Uma dúvida, como entrou no prédio e o carro a portaria? – Camila estava mais calma, e agora ainda mais confusa.
- Nem arrisquei entrar de carro, estacionei na rua lateral, e te trouxe a pé. O porteiro até me barrou, perguntou se você estava bem. Abriu depois que você gritou: - Liberado, está tudo liberado. E eu te trouxe aqui para cima, nos braços.
- E como acabamos dormindo juntos? – Camila foi direto ao seu ponto de interesse.
- Aconteceu, que quando entramos você me convidou para dormir aqui, que sentia sozinha. Pensando no que você seria capaz naquele estado, resolvi ficar. Minuto depois, você cismou em tomar banho. E começou me chamar aos berros, de dentro do banheiro. Fui antes que você arrumasse uma briga no prédio. Não queria me molhar, e você me molhou. Como não tinha outras roupas masculinas na casa e você já estava apagada seminua na cama, resolvi deitar de cueca mesmo. Dormi ali, ao teu lado, sem nem sentir dos teus lábios.
- Então não transamos? Você apenas me ajudou? – Camila parecia aliviada.
- Sim, por mais que adoraria dizer que foi uma bela transa, não rolou nada. E como sabe meu nome e nada mais?
- Olhei tua identidade.
- Não roubou nada? É nem tem o que roubar. E eu tomei a liberdade de por meu número em sua agenda do celular. Vou nessa, tenho que ver se ainda tenho carro. Cuida-se.
O estranho saiu pela porta, Camila nem se quer deu Adeus. Se aquilo que aconteceu, nunca saberá. Achou melhor acreditar que sim, ao menos não estava grávida.

2 comentários:

  1. Uau!!!
    Muito bom!!!
    Quem nunca tomou um porre de tequila, né?
    kkkk

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  2. Nossa, bom mesmo. E é mesmo, quem nunca tomou um porre de tequila!!
    http://lollyoliver.wordpress.com/

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